Moradias espaçosas e com piscina, para estadias de mais de uma semana e admitindo animais de estimação. Este é o perfil mais solicitado na plataforma de reservas turísticas particulares desde o fim do desconfinamento.
“Férias cá dentro” é uma tendência que se está a verificar na plataforma Airbnb, cujas reservas em Portugal voltaram a aquecer após terem estado perto do nível zero nos meses mais críticos da pandemia de covid-19. Desde o início do desconfinamento, a Airbnb está a ver duplicar as pesquisas para o destino Portugal, maioritariamente por parte dos próprios portugueses, para reservas que não eram tão habituais: moradias espaçosas para albergar famílias, com piscina e admitindo receber animais de estimação, para estadias mais prolongadas, entre uma semana e um mês.
“Perante a evolução favorável da pandemia, os portugueses já procuram inspiração para viajar, e inclinam-se de forma clara para as viagens domésticas e de duração superior a uma semana”, constata a Airbnb, onde a 10 de maio triplicaram as pesquisas para estadias de uma a quatro semanas em destinos nacionais, em comparação com o mesmo dia do ano passado. Os portugueses destacaram-se aqui com um peso de 64%, entre as pesquisas feitas em todo o mundo, quando em fevereiro eram apenas 16%.
A meio de maio, a procura na Airbnb por alojamentos inteiros no país subiu 73% e “o total de pesquisas de casas em Portugal por parte de portugueses com pelo menos um filho multiplicou-se duas vezes e meia em três meses”.
ALOJAMENTOS EM SANTARÉM OU COIMBRA COM CRESCIMENTOS DE 180%
A “tendência de momento” é que os portugueses estão a querer fugir aos locais mais habituais, uma conclusão feita com base em pesquisas realizadas a 16 de maio – dando conta de aumentos de 190% em Santarém, 183% em Coimbra, 173% em Beja, 110% em Braga e 84% em Setúbal, que se perfilam assim “os destinos mais populares”. Ainda assim, para datas entre 15 de julho e 15 de setembro, zonas como o Algarve também estão no topo da procura de turistas nacionais na plataforma de reservas.
“Ainda que ninguém possa saber o alcance do impacto da covid-19, as pessoas continuam a desejar descobrir novos lugares”, destaca a Airbnb, avançando que “a ‘nova normalidade’ das viagens em Portugal” vai passar necessariamente por “mais turismo doméstico, estadias longas, em família e com atenção à limpeza”. O turismo doméstico já vinha a ganhar posições na plataforma, com uma subida de quase 30% nas reservas feitas em Portugal em 2019, mas com a pandemia do coronavírus promete ganhar outra dimensão. Segundo a plataforma, “em pleno processo de desconfinamento e com o verão à vista, os portugueses voltam a pensar em viajar”.
A Airbnb garante estar adaptada “ao contexto mais imediato” imposto pelo novo coronavírus, no qual “as viagens serão domésticas (dentro do mesmo país) ou de proximidade (na mesma região), mais prolongadas (com a possibilidade de fazer teletrabalho a partir do alojamento) e de caráter familiar”. Como tendências para o verão de 2020 em Portugal, há um crescente interesse por “espaços privados” e as pesquisas de alojamentos no país estão a ser lideradas por tipologias como “casa, cottage, villa, cabin, bungalow ou chalet”.
Os preços nos alojamentos Airbnb em Portugal variam consoante o número de hóspedes e de noites reservadas: por exemplo, a Carrapateira Beach Houses permite reservar uma cabana para dois hóspedes a 70 euros/dia ou uma casa com cinco quartos até 12 hóspedes desde 235 euros, com pequeno-almoço incluído. Também o Magoito Villa oferece casas até seis hóspedes a 100 euros por noite.
CASAS DE FÉRIAS ADAPTADAS A TELETRABALHO E CANCELAMENTOS MAIS FLEXÍVEIS
A Airbnb criou um “programa de limpeza avançada” com recomendações para os proprietários dos alojamentos “à medida que os Governos lidam com a crise de saúde e começam a rever as restrições relativas às viagens”. O objetivo é que possam “continuar a hospedar viajantes de acordo com medidas de limpeza e prevenção exaustivas”. Este programa foi montado recorrendo às orientações de especialistas em “hospitalidade e higiene médica” nos Estados Unidos e incluem “procedimentos melhorados sobre como limpar todas as divisões da casa” e, para “capacitar” a “comunidade de anfitriões” envolve um processo de formação e certificação. Disponibilizados a todos os proprietários de alojamentos acessíveis na plataforma, as normas específicas da Airbnb para prevenção da covid-19 passam por “um período de espera antes de entrar no alojamento, a utilização de equipamentos de proteção individual como máscaras e luvas, além de desinfetantes e gel de mãos aprovados pelas autoridades reguladoras”.
Os anfitriões podem utilizar uma nova funcionalidade que permite identificar como “não disponível” um alojamento por um tempo determinado, criando um intervalo entre a saída dos hóspedes e a entrada dos seguintes, e mantendo o alojamento vazio no intervalo entre estadias, só permitindo a entrada para realizar as tarefas de limpeza – sendo as reservas “automaticamente bloqueadas durante este período, atualmente definido de 72 horas”. A plataforma reconhece que “alguns anfitriões podem não ser capazes de comprometer-se em obter a certificação ou os produtos necessários” para esta opção, mas devem em todo o caso respeitar as normas locais de saúde vigentes.
A Airbnb enfatiza ainda que as novas tendências também irão dar lugar a uma “maior flexibilidade na reserva e políticas de cancelamento”, pois “face à incerteza da covid-19, a política de cancelamento é um fator chave no qual muitos utilizadores se fixam antes de se decidir por uma reserva”. Portugal aqui está bem posicionado, uma vez que “quase 50% dos anúncios têm política de cancelamento flexível ou moderada,que permitem o cancelamento gratuito até 14 dias antes da chegada”.